segunda-feira, 29 de março de 2010

Tic Tac


Passa Tic 
O TempoTac
FaculdadeTic
EstágioTac
EstudoTic
TrabalhoTac
ManhãTic
TardeTac
NoiteTic
MadrugadaTac

A lua reina como uma rainha gorda. Observo por dois segundos. Sorrio.
Tic Tac
Não tem tempo
Tic Tac
Não tem hora
Tic Tac
Não tem tempo
Tic Tac
Não demora

sexta-feira, 26 de março de 2010

Repentino

Ring Ring
Coração dispara. Sorri, mesmo sabendo que devia ignorar. Quer, mesmo sabendo que devia repulsar. E quase ama, mesmo sabendo que devia odiar.

Ring Ring
Coração para. A dor é tanta que o coração é pequeno. O desespero é tanto, que a razão não explica. O choro é tão grande que não descem mais lágrimas nem se ouve um som.

Ring Ring
Coração confuso. De novo? Por que insiste, se sabe que não é? Mesmo assim, considera.

Ring Ring
Coração inventa. Sabe que é ilusão, mas quer amar, mesmo não querendo amá-lo. Só quer amar o amor, mas não consegue.

Ring Ring
Coração revela. Joga limpo, cara a cara... e, ainda, aperta. E espera.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Clube das tranças

Amigas Já Levadas,
Acima Janela Lavada,
Alma Jorra Largada
Amplia Jardim Lânguido

Abobrinha! Jararaca Lamentável
Aqui Jaz Lágrima.
Adore Jenuína Lábia

posso entrar?

Falei Abraço Jogado Ladro
Fiz Abrangente Jornal Lançado
Fogo! Absurdo Jaula Labrego
Flutuei Aconchego Justo Leal

Fim Aula Juízo Lento

domingo, 21 de março de 2010

"Naquela noite

descobri o prazer inverossímel de contemplar, sem as angústias do desejo e os estorvos do pudor, o corpo de uma mulher adormecida."
Memórias de minhas putas tristes - Gabriel García Márquez

sábado, 20 de março de 2010

Por estarem bêbados

A terceira tequila entrou com tanta facilidade que mal pode lembrar da dificuldade da primeira. Ele, ao seu lado, só fazia rir e pediu um absinto.
Hoje é dia de loucura.

Voltaram para o grupo inicial e recomeçaram a dançar. O flerte pré-estabelecido era maquiado pela constante lembrança da amizade, amizade esta nunca realmente efetiva.

Há muito que queriam se tocar sem a pressão dos garotos da rua. Eram eles que tinham estragado o flerte e o tornado em amizade. E era por isso que a amizade nunca existiu.

Mas, aquela noite, os garotos da rua não apareceram. E a bebida serviu de desculpa para qualquer ação tola e supostamente inconsciente. No fundo, cada um sabia que não estava bêbado, mas assim quiseram pretender para poder usar como desculpa.

Ele veio dançar com ela. Ela chamou a outra por vergonha de estar sozinha e ele descobrir que ela queria. Enquanto se moviam, suas mãos se esbarravam e eles fingiam mais uma vez não perceber. E então, ele se virou para ela. Agora eram apenas ele e ela. Ela abaixou os olhos e tentou conter o sorriso. Viu, então, que ainda havia dois dedos de absinto no copo de gelo dele. Virou e, nesse lance, o mundo girou e ela se enclinou para frente - pela primeira vez inconsciente - e ele a segurou. Sentiu a respiração quente dele no seu pescoço e seu coração, acelerado, começou a fazer mais barulho que a música do Dj. Fez um esforço imenso para sair dali, para não "estragar a amizade", mas este esforço só fez suas boxexas febris se encontrarem com as dele.

É agora.
Viraram lentamente o rosto até que os lábios ficassem a 5 milímetros um do outro.
Não se beijaram. Não se moveram. Apenas sentiram o sangue passando pelas mãos já entrelaçadas, o forte batimento dos corações que, de tão colados, já formavam um.
Aos poucos, se afastaram e, desconcertados, continuaram a dançar, dessa vez com outras pessoas. Mas ambos, plenamente felizes por seu momento. Uns instantes de segundos eternizados que ninguém nunca arrancariam das suas almas.


*inspirada por Lispector*

terça-feira, 16 de março de 2010

Por não estarem distraídos


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

E quem ousa dizer que ela não era uma gênia?

Escorpião

O que a lagarta chama de morte, o sábio chama de borboleta

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 A pequena morte - Eduardo Galeano

Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França, a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.

Geléia

- Esse é o seu sonho? (porque esse é o meu!!)
- Sonho? eu não tenho sonhos!
- Como assim você não tem sonhos? Todo mundo tem sonhos!
- Eu não... Sonhos são pensamentos impossíveis... Pra que eu vou ficar pensando em algo que é impossível, cara?
- Sim, mas você tem então grandes desejos!
- Ah, claro. Mas são grandes desejos. Só. Sou completamente realizada e feliz. Eu tô viva, cara!
- Nossa, nunca tinha pensado nisso antes... (hum... eu amo você.)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Encontro - Maria Gadu

Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Põe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim

Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir

Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você

Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir

Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você

terça-feira, 9 de março de 2010

That's the way

aham aham
I like it!
aham aham

domingo, 7 de março de 2010

Deixe estar

que o que for pra ser vigora