Você não conhece os dois sois, meu velho amigo?
Eles são... Como se fossem duas bolotas imensas que enfeitam
o céu e trazem a luz, iluminam as manhãs mais nebulosas, as noites mais escuras
e os corações mais frígidos. Dois sois, um em cada canto, um em cada oposto, um
em cada norte, um em cada estação.
Enquanto um se põe, o outro nasce; enquanto um esquenta o
corpo, o outro queima a face; enquanto um afirma, o outro nega; enquanto um aclara,
o outro cega. Mas, ainda assim, se dizem irmãos.
Os passarinhos, cansados, cantam a cada vez que amanhece – o
único problema é que sempre amanhece! Sempre surge um sol e eles sempre se dão
bom-dia, sempre sorriem pro dia, sempre, na mesma sintonia, mesmo que não estejam
sempre em harmonia. E quem não gosta é que se lasque!
Entretanto, se você é daqueles que querem saber um pouco
mais, meu bom amigo, te aconselho: mantenha certa distância. Você vai perceber
que as bolotas não são tão redondas quanto parecem, existem algumas esquinas suspeitas
que podem chegar a ser perigosas, machucar, arder, queimar e até deixar
cicatriz. Eles próprios se queimam, às vezes, ficam com marcas, mas depois
entram em consenso e aceitam o seu calor por saber que o sol para um sempre vai
nascer para o outro. E quem não gosta é que se lasque!
Mas se você é daqueles que querem sentir um pouco mais, meu bom amigo, te aconselho: deixe o calor te queimar, deixe a luz te cegar, deixe o corpo arder até perder os sentidos e, somente assim, você será capaz de ver o verdadeiro brilho deles. Um brilho que não queima, que não cega e não apaga jamais.
Uma homenagem para minha amiguirmã Thamires Assad