O garoto não tinha nada de especial.
Apenas não a notava. E, por isso, a intrigava.
Ele andava sempre com aqueles óculos de armação preta e alguma camisa quadriculada. De alguma forma, as tatuagens do braço e do peito apareciam, mesmo que superficialmente. E fumava. Passava os intervalos no banco, fumando, ouvindo a alguma música de rock no mp3, lendo.
A menina, sempre ao o observar, percebia cada movimento, cada balanço do corpo à música que escutava, cada risada, cada expressão.
Quando ele chegava, a menina ajeitava o cavelo, ensaiava um sorriso e lhe dava bom dia. Ele, ainda sonolento, resmungava um "bom dia" de volta e ia para a cadeira dormir o tempo que pudesse antes da aula começar. Ou, se não estivesse com sono, sairia da sala para fumar até o professor entrar na sala.
Apesar da sua tímidez, é preciso reconhecer que a menina fazia mil e uma artimanhas para que ele, ao menos, a olhasse. Já havia, até mesmo, convidado a sala inteira para uma festa só para ele aparecer e, talvez, perceber a presença dela.
Ela passou a viver para que ele a visse. Estava apaixonada.
Ele, puxava o cigarro e ouvia sua música. Não a notava.
pede um isqueiro emprestado...
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