terça-feira, 29 de maio de 2012

Dois sois




Você não conhece os dois sois, meu velho amigo?

Eles são... Como se fossem duas bolotas imensas que enfeitam o céu e trazem a luz, iluminam as manhãs mais nebulosas, as noites mais escuras e os corações mais frígidos. Dois sois, um em cada canto, um em cada oposto, um em cada norte, um em cada estação.

Enquanto um se põe, o outro nasce; enquanto um esquenta o corpo, o outro queima a face; enquanto um afirma, o outro nega; enquanto um aclara, o outro cega. Mas, ainda assim, se dizem irmãos.

Os passarinhos, cansados, cantam a cada vez que amanhece – o único problema é que sempre amanhece! Sempre surge um sol e eles sempre se dão bom-dia, sempre sorriem pro dia, sempre, na mesma sintonia, mesmo que não estejam sempre em harmonia. E quem não gosta é que se lasque!

Entretanto, se você é daqueles que querem saber um pouco mais, meu bom amigo, te aconselho: mantenha certa distância. Você vai perceber que as bolotas não são tão redondas quanto parecem, existem algumas esquinas suspeitas que podem chegar a ser perigosas, machucar, arder, queimar e até deixar cicatriz. Eles próprios se queimam, às vezes, ficam com marcas, mas depois entram em consenso e aceitam o seu calor por saber que o sol para um sempre vai nascer para o outro. E quem não gosta é que se lasque!


Mas se você é daqueles que querem sentir um pouco mais, meu bom amigo, te aconselho: deixe o calor te queimar, deixe a luz te cegar, deixe o corpo arder até perder os sentidos e, somente assim, você será capaz de ver o verdadeiro brilho deles. Um brilho que não queima, que não cega e não apaga jamais.


Uma homenagem para minha amiguirmã Thamires Assad

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