segunda-feira, 8 de junho de 2009

Raiva de Morais!

Tenho raiva de Morais.

Muita raiva amoral.

Mergulho em seus diversos versos amorais,

outros amorosos, alguns até morais.

Os únicos que prestam, os realmente bons tem valores Morais. Todos eles me faz bem, todos eles amo bem, todos eles.

Poderia ler até não parar mais. Amores amorais, meu querido Morais. Você me faz me ousar, você me faz versar!

O único que sabe expressar o desejo sem ser pornográfico. Desejo, apenas genuíno desejo... Te desejo, Morais!

Como você consegue ser tão perfeito? AAhh, que raiva de Morais!




A mulher que passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!

Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!

Teus sentimentos são poesia
Teus sofrimentos, melancolia.
Teus pêlos leves são relva boa
Fresca e macia.
Teus belos braços são cisnes mansos
Longe das vozes da ventania.

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!

Como te adoro, mulher que passas
Que vens e passas, que me sacias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Por que me faltas, se te procuro?
Por que me odeias quando te juro
Que te perdia se me encontravas
E me encontrava se te perdias?

Por que não voltas, mulher que passas?
Por que não enches a minha vida?
Por que não voltas, mulher querida
Sempre perdida, nunca encontrada?
Por que não voltas à minha vida?
Para o que sofro não ser desgraça?

Meu Deus, eu quero a mulher que passa!
Eu quero-a agora, sem mais demora
A minha amada mulher que passa!

No santo nome do teu martírio
Do teu martírio que nunca cessa
Meu Deus, eu quero, quero depressa
A minha amada mulher que passa!

Que fica e passa, que pacifica
Que é tanto pura como devassa
Que bóia leve como a cortiça
E tem raízes como a fumaça.

Rio de Janeiro, 1938
Vinícius de Morais

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